No futuro, todos nossos amigos serão manequins

E eu lá sou real pra você?

Sou uma pessoa de muitos amigos. Faz parte da minha personalidade e me orgulho muito disso. É um esforço frequente para manter minhas amizades vivas e conhecer gente nova. Tenho amigos de infância, amigos que encontro todas as semanas, uma ótima relação com minha família e me considero uma pessoa bem consistente em todos esses meus contatos. Mesmo assim, como com todos nós, todo mundo só conhece a minha vida editada, uma parte dela. A parte que escolhemos dividir. Seja ao vivo ou pela internet.

A internet deixa isso bem claro, né? Um mundo de edição, uma curadoria constante de nossos dias. Se você é meu amigue virtual tem mais tempo sabe bem que sempre fui daqueles que acaba compartilhando muito – só quem viveu minha fase de fazer Stories bêbado sabe haha. Ultimamente dei uns passos pra trás, comecei a compartilhar menos. Agora vivo nesse limbo de não ter muita certeza do que passa pelo corte. Assunto pra outra newsletter.

Como este texto está grande, já vale avisar aqui que estou lançando um novo curso de como usar inteligência artificial para criatividade e produtividade. Todas as infos estão aí embaixo e estou muito animado!

Tem gente na internet que nos faz sentir como melhores amigos. Pode ser a forma como fala, os assuntos que trata, ou a delícia que é ver como o cérebro funciona. Mesmo assim, ainda é curadoria. No fim das contas, aquela pessoa ali, do outro lado da tela, é um avatar. Um avatar onde o que esperamos dele é muito construído por nós, mas guiado, muitas vezes, por uma estratégia bem desenvolvida e um time de pessoas.

É o caso dos maiores influenciadores por aí. Anitta, Boca Rosa, Camila Coutinho. Mas também é o caso da Miquela, com seus quase 3 milhões de seguidores. Miquela não é assunto novo: ela está no Instagram desde 2016, mas com a diferença que Miquela não existe. Nunca existiu. Pelo menos não em carne e osso. Tal como a nossa Lu, do Magalu, Miquela é um personagem criado em 3D.

Isso nunca a impediu de ter uma personalidade forte. Miquela Sousa é americana, mas com mãe brasileira, bissexual, apoia causas LGBTQIA+ e BLM, já fez campanhas pra marcas como a Prada saiu de rolê até com a Pabllo. Ela é uma garota de 19 anos que responde o que o demográfico dela pede, tudo pensado por um grande time. Não muito diferente de Anitta e Boca Rosa. Mas, ao mesmo tempo, muito diferente?

Sei que não é uma discussão nova, mas é uma discussão muito atual quando a gente fala de inteligência artificial (oi, consegui escrever 6 parágrafos sem citar IA, que orgulho!). Não é só por previsões como a de Her, ou daquele ep lindo de Black Mirror com a mulher que trazia o marido de volta digitalmente. É uma discussão sem resposta sobre o que é real e se isso realmente importa ou não para nossa experiência. Eu nunca fui “real” em muitos sentidos para a maior parte das pessoas que me lê, mas sempre fui “real” em muitos outros sentidos. E se você descobrisse hoje que sua criadora de conteúdo favorita sempre foi criada por IA, o que isso mudaria na sua relação com ela?

Esses dias saiu a notícia da influencer que treinou uma IA com a sua voz, começou a cobrar um dólar por minuto e na primeira semana já faturou 72 mil dólares. O mercado de namoradinhas virtuais tá aberto faz tempo – uma boa amiga minha ganha muito dinheiro com esse posicionamento no OnlyFans –, mas agora ele pode ser personalizado e não depender nem da pessoa em si.

É essa onipresença do avatar que acaba deixando essa ideia tão interessante. Miquela pode participar de todos os eventos, estar onde quiser, pode até estar contigo e conversar sobre aquilo que você não quer conversar com seus melhores amigos.

Ouço daqui um monte de gente esbravejando sobre quão perdido está o mundo com a tecnologia. Uma besteira, já que nada disso é novo. Essa nossa relação com "coisas que não existem” sempre existiu. Cynthia frequentava as melhores festas dos anos 30. Era querida por alguns dos maiores nomes da moda da época. Uma celebridade. E ela era só um manequim desses de loja. Esse controle total nas nossas relações sempre foi uma busca.

É curioso ver como a personalização poderá ser a chave dessa conexão que deixa algo não-humano mais humano do que muitos humanos padronizados com seus filtros, harmonizações e dentes de porcelana. A experiência de ter uma pessoa virtual criada para você, que vai fazer tudo que você quer sem precisar de nada em troca. O que isso significa para o futuro da intimidade?

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Meu novo curso

Já tem uns meses que estou prometendo um update no meu curso de IA, que lancei em Novembro como o primeiro curso de como aplicar IA generativa para criação de conteúdo e Marketing. Pois bem. Dei aquela exageradinha já característica de tudo que faço, mas é chega a hora. Te apresento, o CR_IA!

O CR_IA nasce de um problema: como falar sobre IA e deixar tudo atualizado num mundinho que TODA SEMANAAAA tem coisa nova? Por isso, ele é essencialmente duas coisas:

• uma aula-magna ao vivo, com uma boa base IA aplicada ao trabalho criativo e a produtividade

• uma área de membros com várias aulas-tutoriais pensadas pra resolver problemas reais do seu dia a dia, centenas de prompts testados que te ajudam a trabalhar e muito mais coisas

São apenas 30 vagas e a primeira turma vai rolar agora, no dia 31 de Março. Veja mais infos e se inscreva aqui no link. Estou muitooo animado pra soltar isso!

Ah, quem já se inscreveu no curso anterior sobre o tema terá dois meses de acesso à área de membros do novo assim que ele for lançado! Vou soltar os emails com as infos assim que lançar.

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O que tenho feito

• Voltei pra Berlim depois de quase seis meses fora e estou curtindo uma vida mais tranquilinha em casa.

• Dei uma chorada num Festival de Pimenta neste fim de semana. E olha que normalmente sou forte!

• Criando esse meu novo curso de IA. 80% do tempo só trabalhando com isso e os outros 20% querendo terminar minhas tarefas pra voltar a isso. Seja uma das 30 primeiras pessoas!

• Me atualizando com a última temporada de Mrs. Maisel. Ela consegue melhorar toda temporada, impressionante!

• Recriando todos os processos do podcast Mamilos usando IA. Tem sido uma tarefa beeem divertida, mas é um belo trabalho.

• Ouvindo o podcast Ologies todo tempo que tenho qualquer tarefa que não precisa dos meus ouvidos. Este ep aqui me transformou num chato que só fala sobre golfinhos agora.

• Criando uma super aula sobre IA generativa para criativos para a 3C, que vai apresentar ela pra Bradesco. Toda semana tem aparecido esse tipo de job agora pra mim e eu estou adorando.

• Passei 10 dias no começo de Maio em Lisboa, visitando minha mãe e bebendo muito vinho bom.

• Tomando coragem pra voltar a fazer crossfit. Sim, amiguinhos, caso você não saiba eu entrei pra seita e estava fazendo crossfit todo dia quando estava em São Paulo, mas agora tenho que tomar coragem de pagar 130 euros por mês pra ficar gostoso.

• Fiz uma palestra sobre criação de conteúdo em vídeo a convite do Pinterest e criei uns pins bem legais sobre o tema também. Dá uma olhada lá!

• Preparando uma nova newsletter específica só sobre IA. Meu deus, quanto trabalho!

As imagens do começo do texto foram criados por Midjourney, inspirados na Cynthia, a manequim celebridade. O prompt que usei foi:

a hyperrealistic photo of a white shopping mall mannequin with no visible features inside a crowded subway cart, photo taken using Kodak Portra, white light, ultra wide angle, Hyper Realistic Photography, Cinematic, Cinema, Hyperdetail, UHD, Color Correction, hdr, color grading, hyper realistic CG animation --ar 2:1 --upbeta --q 2 --v 5

Até mais,

Fê