Sentei para escrever esta newsletter e entrei em uma crise existencial. Era para ser algo leve. Contar da viagem que fiz pra Hamburgo, do belíssimo show do Caetano que assisti ou fazer piada do pavor contínuo de (ainda!) ter um rato na cozinha. Mas não, claro que não. Eu tive que cair naquela pergunta: “quem sou eu?”. Ou melhor, “no que me tornei?”.
Não posso nem reclamar, o meu ano tem sido bom. No entanto, parece que deixei de lado partes de mim que sempre usei para me definir. Este é o primeiro ano, desde 2012, que eu não conheci uma cidade nova, por exemplo. Nem uma vilinha. Nem Diadema. Depois do meu tempo no Brasil, dei uma passadinha em Lisboa pra visitar minha mãe, voltei pra Berlim e aqui fiquei. Só fui na semana passada pra Hamburgo porque era uma viagem combinada com meus amigos.
Mas o buraco vai mais fundo que esse meu problema de primeiro-mundo aí. Deixei de ter prazer em tirar fotos, fazer vídeos do mais puro nada, criar conteúdo – coisa que eu sempre adorei – e só acabo fazendo muito pela obrigação. Além do CR_IA (leia esse email até o fim para um presente), que, sendo justo comigo mesmo, já me tira muito tempo, não tenho criado novos projetos pelo prazer de criar. Pelo prazer de ser criativo. Não ando obcecado por nenhum podcast, não tenho feito nenhum curdo, não tenho ido nem atrás de novos dates. Quem é esse Felipe?
Se eu deixo as viagens, os projetos diferentes, os dates, a curiosidade e a criatividade, o que sou eu? Será que me tornei um observador passivo da minha própria vida? Estou fazendo coisas, claro, muitas coisas, meu ano foi cheio de coisas, mas parecem mais um reflexo automático do que uma escolha apaixonada.
É engraçado que, no dia a dia, não tenho essa sensação. Sinto que vivi bastante esse ano. Sinto que encontrei muito meus amigos, que vivi bastante em SP ou Berlim, que toda semana estava lotada de eventos. Me afundei no mundo de inteligência artificial a ponto de mudar minha carreira, foquei no CR_IA e em ajudar outras pessoas com ele, comecei a fazer crossfit regularmente – impensável pro Felipe do passado! –, fiz novos amigos, fiquei muito próximo de gente que eu gosto, nunca fui tão chamado pra dar palestras. Tudo isso é novo e também tem sido parte do meu ano, mas parece pequeno perto de tudo que eu poderia fazer. Ainda me parece passivo, me parece só uma reação a coisas que foram acontecendo.
Acho que o que sinto falta é daquela sensação de estar VIVO, sabe? A materialização da paixão. Estar ativo e criar oportunidades, projetos, viagens ao invés de esperar que tudo venha até mim. Olhar o mundo para além do que está na minha frente e criar em cima disso, buscar novas aventuras.
Talvez você também sinta algo parecido. Talvez seja normal a gente ter esse tipo de crise quando nossos focos na vida mudam. A gente se desconecta daquilo que já amamos para poder se encontrar em algo novo. Ou talvez isso nem seja desconexão de nada, mas apenas um recuo para reunir forças, pegar o impulso para o próximo grande salto em nossa jornada.
Enquanto reflito sobre o mutável "quem sou eu?", também estou me abrindo para o "quem eu posso me tornar?". E essa, acredito, é uma aventura em si.
O que tenho feito
Passei 4 dias em Hamburgo e, mesmo com muita chuva, explorei bem a cidade. Eu já ido em 2018, mas dessa vez gostei de verdade dela. Vale muito dar uma volta no bairro Schanzenviertel, beber no Liquida Garden e ir pra balada no Golden Pudel.
Assisti a shows do Gilberto Gil e do Caetano Veloso. Viver fora me dá ainda mais orgulho de ser brasileiro.
Fechei uma palestra de IA que darei em inglês para um grupo de gerentes de RH e Comunicação da LATAM. Já estou ansioso (e nervoso também, confesso).
Assisti Jury Duty. Já falei dessa série várias vezes nos Stories, mas eu achei genial. É uma espécie de reality show cobrindo um julgamento onde todo mundo é ator exceto uma pessoa que acha que é tudo real. Achei muito boa!
Terminei de ler três livros no último mês. O melhor deles foi A Map of the Missing. Sobre as vidas que deixamos pra trás quando vamos atrás dos nossos sonhos. Neste caso, numa China pós Revolução Cultural.
Lancei mais uma turma do CR_IA. Já estamos na turma 9 e tive mais de 200 alunos até agora. (Código de desconto no fim do email)
Lidando com ratos aqui em casa. Ainda. Desde Agosto. Essa parte está infernal.
Explorando novos drinks. Nesses últimos meses me aproximei bastante de uma galera que trabalha com coquetéis aqui em Berlim e tenho entrado bastante nesse mundinho. Essa semana tá até rolando uma feira de bares.
Comprei uma bicicleta nova! Depois de oito anos, a minha antiga foi roubada e agora eu tô com uma nova bonitona, mas ainda tô tentando pegar o jeito com ela.
Passando frio. O outono realmente chegou aqui em Berlim e junto vem aquele climinha de ficar de conchinha (com o travesseiro).
Se você leu tudo isso até o fim, finalmente tenho um presente pra você: 10% de desconto na turma 9 do CR_IA. É só entrar aqui e pagar no PIX com o código CR10IA, que fica 58 reais mais barato! Vale só até sábado, hein?
Espero que o próximo email venha sem crise.
Feliz que você leu até aqui!
Todas as imagens foram criadas por mim usando IA.
Nossa Felipe, achei bem simbólico você ter ratos "no porão" enquanto escreve que está sentindo falta "daquela sensação de estar VIVO". Como se algo estivesse, aos poucos, drenando sua energia.
Legal você reconhecer esse momento. Daqui, torço para que tenha coragem de enfrentar os ratos dentro de casa - no sentido literal e figurado.
Tenho certeza que sairá desse processo ainda mais forte e criativo!
PS: estou ensaiando muito fazer o CR_IA. Você acha que ajudaria a mim, que atuo na área de psicologia, astrologia e tarot?