Todos os amigos que fiz depois de adulto
Me peguei chorando no Carnaval de Belo Horizonte e a culpa é toda deles.
Era manhã da terça-feira de Carnaval. Depois de quase uma semana em Belo Horizonte, eu já estava no meu décimo bloco da cidade. Um bloco que, na Alemanha, a gente chamaria de FLINTA, que prioriza identidades que não são de homem cis. Mesmo assim, um dos maiores blocos que fui neste Carnaval. Estava bem cheio, mas encontramos um lugar à sombra, no meio de ambulantes, perto do trio e lá ficamos.
Além do sol, eu queria fugir do Chapolin, um personagem do Carnaval belohorizontino que sobe no caminhão pipa pra dar banho nas pessoas que pulam e gritam “hey, Chapolin, joga água em mim”.
Enquanto eu cantava tudo errado – como sempre faço –, mas em plenos pulmões, olho em volta e meus olhos se enchem de lágrimas. Eu estava, naquele momento, com dois amigos italianos e um inglês. Três gringos que conheci em momentos completamente diferentes da vida e estavam ali em BH comigo, pulando e gritando com músicas que eles nunca tinham ouvido antes, sorrisos enormes em seus rostos. Ser brasileiro e poder mostrar partes tão incríveis do nosso país é um privilégio.
Eu já estava bem emocionado quando a cantora do trio, junto de uma bateria incrível controlada apenas por mulheres, lançou Medo Bobo, da Maiara & Maraisa. Uma música que eu acho linda linda na voz do Rubel, versão muito significativa pra mim. Nessa hora eu desatei a chorar, como se o Chapolin tivesse mirado na minha cara. Naquele momento eu não estava bêbado ou sob dorgas. Eu estava apenas muito feliz. O grande motivo disso eram meus amigos.
Sou uma pessoa de muitos amigos. Tenho amigos de infância, dos meus 12 anos. Um dos meus melhores amigos até hoje é um ilustrador incrível que conheci no colégio com 16 anos. Mais da metade de nossas vidas. Acho isso do tempo muito bonito, mas também acho muito bonito amizades que fiz há pouco mais de um ano e que são pessoas que sei que vou levar pra vida toda. A maior parte dos meus amigos vem da vida adulta.
Do grupo que me viu chorar feito criança no meio do Carnaval: Auro eu conheci porque frequento muito o bar de vinho dele em Berlim, o famoso Facciola pra quem me segue há mais tempo, e acabamos nos aproximando muito; o Lorenzo eu conheci às duas da manhã na rua em Beirut, do mais absoluto nada, 5 minutos depois, ele me convidou para uma house party e mudou minha experiência na cidade; o Jake é um jornalista inglês que coroou BH como “Brazil's new it-town for Carnival” e namorado da minha ex namorada, que há doze anos também é minha melhor amiga. Cada um deles veio de histórias absurdas, mas que não aconteceriam se eu não me mantivesse aberto pro mundo, interessado por ele e pelas pessoas com quem eu cruzo.
Minha experiência em Belo Horizonte foi incrível em grande parte por culpa de dois amigos, o Thiago e a Naty, que me apresentaram suas versões da cidade e me acolheram em seus grupos. Duas pessoas que eu conheci basicamente por causa da internet. Inclusive, eu diria que 78% dos meus amigos atuais vieram, de alguma forma, da internet. A minha família de amigos de Berlim found love in a hopeless place e veio quase inteirinha do Twitter.
Não é a primeira vez que falo sobre fazer amigos depois de adulto. (Longe disso kkkk) É uma pauta que me é muito querida, porque vejo como muita gente tem dificuldade de se conectar, enquanto essa é uma grande fonte de felicidade na minha vida.
Fazer amigos depois de adulto tem muito a ver com esforço, a abertura que você dá para as coisas acontecerem, a curiosidade que você tem no outro e a generosidade que você oferece parte da sua vida e tempo para esses momentos. A maior parte dos que eu vejo reclamando que não conseguem fazer amigos, esperam pessoas que vão cumprir papéis em suas vidas, nos moldes propostos por eles e sem que seja oferecido nada em troca
Mas as verdadeiras amizades vem com esforço. (Digo, um esforço inicial. Se você tá sempre se esforçando, não é uma amizade.) Esforço pra puxar assunto com alguém que você achou interessante. Esforço pra lembrar daquela pessoa que você gostou bastante de conhecer duas semanas atrás. Esforço para alinhar as agendas. Esforço de mandar uma mensagem propondo “oi, tô indo neste bar com um grupo de amigos hoje, quer ir também?”.
Essa, inclusive, é uma ótima forma de você se tornar amigo de alguém que você acabou de conhecer: convidar ela pro seu mundo. É a generosidade que eu disse acima. Conheci pessoas incríveis em BH porque meus amigos tiveram essa generosidade comigo. Faço isso direto também com novos amigos. As conexões fluem muito mais rápido desse jeito.
Sobre curiosidade e abertura, acho que elas andam de mãos dadas. Nada pior que pessoas apenas centradas em suas próprias vidas e problemas. Dizer mais “sim”, respeitando seus “não”s, pode também te colocar em novas situações onde as amizades simplesmente crescem.
“Só precisamos ser tão verdadeiros com os outros quanto somos conosco para que haja terreno suficiente para a amizade.” é um bom ponto de partida. De resto, esforço.
Hoje tem nova turma do CR_IA
Talvez você não esteja lendo isso a tempo, mas hoje, dia 22 de Fevereiro, tem mais uma nova turma do CR_IA, o meu curso de inteligência artificial que tenho até dificuldade em definir de tanta coisa que você vai aprender por lá. Um amigo meu esses dias disse que essa minha dificuldade é porque eu estou “vendendo um curso de informática” na época em que cursos de informática eram essenciais e muito relevantes para entender as novas tecnologias. E o CR_IA é basicamente isso mesmo: um curso onde você vai aprender como a IA vai afetar o seu trabalho e se preparar para isso.
Ainda temos 5 vagas para a turma de hoje e dá pra se inscrever aqui.
O que tenho feito
Comemorei meus 33 anos com muitos amigos em volta.
Me apaixonei por Belo Horizonte e em breve vou soltar o meu guia da cidade.
Impressionado com o Sora, nova IA de vídeo, a ponto de não apenas fazer um, mas dois conteúdos.
Curti muito o Carnaval. Foi um total de 13 blocos e muitas noites mal dormidas.
Fazendo vários testes com o Magnific, que melhora muito a qualidade de imagens geradas por IA. Todas as imagens deste texto passaram por lá.
Fechando novas consultorias de IA para empresas e agências. É uma das coisas que mais curto fazer atualmente e também uma das mais importantes.
Em algumas conversas sobre o futuro do CR_IA. Acredito muito muito no projeto e estou muito animado com o que vem por aí.
(Ansioso também)Assumindo que vou ficar em São Paulo por mais tempo do que eu esperava. A ideia era só ficar três meses, mas bem capaz de passar cinco logo.
Ouvindo os eps atrasados da Rádio Novelo Apresenta, um dos melhores podcasts nacionais. O ep sobre o ônibus 474, do Rio de Janeiro, é muito bom.
Apresentando o Brasil para amigos gringos e com muito orgulho do meu país.
Obrigado por ler até aqui e até a próxima!
Como sempre, todas as imagens do post foram criadas por mim usando inteligência artificial. Neste caso, usei o Midjourney para gerar as imagens e o Magnific para melhorar a qualidade delas.)
Dei uma choradinha 🥲❤️